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Análise: Max The Curse of Brotherhood – Cuidado com o que você deseja

Max The Curse of Brotherhood

Imagine que Limbo, Hearth of Darkness e Uncharted tiveram um filho…

Max: The Curse of Brotherhood é um jogo de Puzzle, Ação e Plataforma que lembra muito Limbo em seu estilo de jogo, Hearth of Darkness (do meu querido Éric Chahi) em seu visual e temática, e Uncharted nos momento em que você precisa correr de plataformas desabando (com a diferença que aqui elas desabam mesmo se você não pular) e se pendurar e balançar em cipós.

Max é um jogo de 2013, que ao longo do tempo foi lançado para várias plataformas, incluindo XONE (2013), PS4 (2017) e iOS (2018), mas onde ele brilha mesmo é no Nintendo Switch (2017). O trunfo do jogo é o uso de uma caneta marca texto (magic marker) que Max usa para interagir com elementos do cenário e assim resolver puzzles de plataforma com física bem realista.

Com o Switch você tem o melhor de dois mundos: Controles precisos para plataforma e a tela touch para usar a caneta e interagir com o cenário.

Caso você não goste do uso do touch, pode usar o controle tradicional para movimentar a caneta, mas vai ser bem mais difícil e menos divertido. O conceito não é exatamente novo, já que é praticamente um reboot do jogo 2D Max and the Magic Marker (2010) desenvolvido pela mesma empresa, a Press Play.

Screenshot de Max and the magic marker
Screenshot de Max and the Magic Marker

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História

Max chega em casa um dia e ao ficar irritado com seu irmão mais novo, Felix, procura no “Giggle”: como fazer seu irmão desaparecer! (quem nunca…). Como resultado ele se depara com um feitiço, que, coincidência ou não, abre um portal por onde uma mão vem e puxa seu irmão para dentro. Vendo a cagada que fez, Max entra no portal e vai em busca de resgatar seu irmão.

Logo em seguida você encontra uma tiazinha que dá poderes mágicos à sua “arma”, uma caneta marca texto, e descobre quem é o vilão por trás do rapto: Mustacho. O antagonista, velho caquético, raptou seu irmão mais novo para realizar uma troca de corpos (Pépeeee, já tirei a vela!) e voltar a ser jovem. A tiazinha que te dá poderes também vai falar com você por telepatia durante o jogo e te dar dicas e explicar onde você está e o que está acontecendo.

Mustachoo, o vilão do jogo

 

Jogabilidade e Desafio

Como já dito anteriormente, Max: The Curse of Brotherhood é focado em plataforma e solução de quebra cabeças usando a manipulação do cenário com sua caneta mágica. Essa manipulação do cenário não é livre, você só pode usá-la em pontos pré-definidos.
Você começa com a habilidade de criar plataformas a partir do chão em certos pontos e, conforme o jogo avança, ganha mais habilidades, como criar galhos de árvores e cipós (não vou citar todas para não acabar com o mistério).

Usando a caneta para criar uma plataforma

Os desafios não são extremamente difíceis, mas são bem satisfatórios. Em alguns momentos você vai precisar agir rápido, especialmente em quedas e perseguições, onde o jogo vai entrar em câmera lenta para você resolver um puzzle em um curto espaço de tempo.

Progressão, Coletáveis e Fator de Replay

O jogo é separado em 7 capítulos, incluindo a boss battle final. Cada capítulo é dividido em sub-seções que você pode re-jogar individualmente, e os capítulos são conectados de uma forma parecida com Sonic 3, onde você vê uma animação que te apresenta a transição de uma área à outra.

Durante o jogo você tem checkpoints frequentes, normalmente depois de cada puzzle que você resolve, como é normal desse gênero, já que tentativa e erro fazem parte do processo. Assim como em Limbo, você mais morrer de diversas maneiras até aprender a forma certa de progredir.

Para tornar a coisa mais interessante, você precisa destruir “olhos” que Mustacho espalhou pelas fases para te espionar, além de coletar pedaços de um amuleto (não peguei todos, então vou deixar para você descobrir pra que serve :D). O jogo facilita a sua vida te indicando quantos coletáveis faltam você encontrar no menu de seleção de estágios.

Menu de seleção de estágios

Combate e Boss Battle

Os inimigos do jogo são em geral Minions do Mustacho que tentam te pegar, mas você não enfrenta eles diretamente no mano a mano (também, você é uma criança…). Você vai ter que usar os elementos do cenário e as habilidades da sua caneta para enfrentar os monstros, atraindo eles para armadilhas, por exemplo.

O jogo não tem muitas batalhas com chefes. Na verdade, além da batalha com Mustacho, as outras são mais como puzzles normais do jogo, ou uma corrida de um inimigo maior te perseguindo.
A batalha final é interessante, mas não muito desafiadora.

Duração

Não cheguei a medir exatamente quanto tempo joguei, mas o jogo não é muito longo, certamente você não vai enjoar dele. Chutando por alto, entre 4 e 6 horas de jogo.

Gráficos

O gráfico do jogo é lindíssimo. Com exceções de alguns cenários menos trabalhados, em geral tudo funciona muito bem, com uma arte que faz todo sentido para a ambientação do jogo. Quando comecei a jogar tive a impressão que ia ser um daqueles jogos que tem apenas um estilo de cenário, mas para a minha grata surpresa, cada cenário tem o seu estilo: alguns são mais claros, ensolarados e desérticos, enquanto outros são sombrios, se passam em florestas ou cavernas cheias de lava incandescente.

Além disso, o jogo faz frequente uso de câmeras cinematográficas para apresentar a grandiosidade do mundo em que você está.

 

Música, Vozes e Efeitos Sonoros

Alguns jogos tem melodias memoráveis que vão grudar na sua cabeça, outros tem músicas infames que você vai lembrar querendo esquecer. No meio disso, existem jogos com uma música de fundo que você não vai lembrar quando desligar o jogo, mas que vai encaixar tão bem no clima do mesmo, que você não vai notar que ela está lá, mas vai sentir falta se tentar jogar sem.

Max cai nessa última categoria, com músicas de fundo e efeitos de ambientação (como insetos na floresta) que te ajudam na imersão. Ainda na parte sonora, o jogo conta com um voice over que não deixa nada a desejar durante as cutscenes e gameplay.

Problemas

O jogo não tem grandes problemas que vão fazer com que você deixe de jogá-lo, mas vale ressaltar alguns:

  • Dicas cedo demais – em alguns momentos o jogo não te dá tempo para pensar, e já de diz o que fazer pra passar do quebra cabeça
  • O início do terceiro capítulo – você está em uma caverna escura, e precisa iluminar o caminho usando a sua caneta a cada passo, eu particularmente não gosto desse tipo de fase
  • A animação que toca cada vez que você encontra um olho espião – enjoa bem rápido e não dá pra pular
  • Falta de boss battles – A boss battle final contra Mustacho é interessante, apesar de curta e bem fácil. Poderiam ter mais boss battles aproveitando as mecânicas da caneta e interação com o cenário
  • Jogar sem o função touch estraga a experiência – apesar do jogo originalmente ser para consoles sem essa funcionalidade, quando tentei jogar sem o touch, me diverti muito menos. Não sei como passaria das partes que precisam de uma reação ágil no controle
  • Por último, o pior problema de todos – o touch screen não é preciso – em vários momentos precisei de várias tentativas para o touch fazer o que eu queria. Isso normalmente não é um problema, mas quando o puzzle requer uma ação rápida, você vai morrer várias vezes, mesmo tendo a sensação de que está fazendo tudo certo

Veredito

Não tenho ressalvas em recomendar esse jogo para quem gosta do gênero. Resolver os puzzles é bem satisfatório e o jogo respeita bem o seu tempo, com checkpoints bem colocados e sem loading quando você morre, já que a tentativa e erro é central nesse estilo. Apesar dos problemas citados acima, as qualidades fazem com que você não ligue muito pra eles, então se você gosta de puzzles e de plataforma, vai na fé e senta o pé!

 

* Max The Curse of Brotherhood foi analisado noSwitch, em cópia digital gentilmente cedida ao Fliperama de Boteco por Jesús Fabre.

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