
Se você cresceu nos anos 80 e 90, deve se lembrar de Zillion, um anime de ficção científica que marcou época e deixou sua marca não apenas na TV, mas também nos videogames. Exibido no Brasil pela Rede Manchete no final dos anos 80, Akai Kōdan Zillion (ou Red Photon Zillion no Japão) foi produzido pela Tatsunoko Productions em 1987 e contava a história do grupo rebelde White Nuts. Liderados pelo destemido JJ, eles usavam as poderosas pistolas Zillion para enfrentar os opressores alienígenas da raça Noza, que ameaçavam dominar o planeta Maris.
O sucesso do anime chamou a atenção da Sega, que não apenas lançou um jogo baseado na série para o Master System, mas também usou o icônico design da pistola Zillion como inspiração para um dos acessórios mais famosos do console: a Light Phaser. Se você já jogou Shooting Gallery ou Operation Wolf, saiba que a arma usada nesses jogos tem suas raízes no universo de Zillion!
Mas será que a adaptação para os games conseguiu capturar a essência do anime e entregar uma experiência memorável? Prepare-se para uma viagem no tempo e descubra se Zillion é realmente um clássico atemporal ou apenas mais um título perdido na galáxia dos games retrô!
Uma Aventura Não Linear e Desafiadora no Master System
Se Metroid e Impossible Mission tivessem um filho nos anos 80, o resultado seria Zillion. O jogo, lançado para o Master System em 1987, trouxe uma abordagem diferenciada para os jogos de ação e plataforma da época, apostando em um mundo não linear e exploratório. Esqueça os jogos de tiro frenéticos com progressão direta: Zillion coloca o jogador dentro de uma gigantesca fortaleza dos Noza, cheia de salas interligadas e repleta de desafios estratégicos.
Exploração e Estratégia: O Coração do Jogo
O objetivo principal de Zillion é invadir a base dos Noza e coletar códigos espalhados em diversos terminais dentro das salas. Cada cômodo apresenta desafios únicos, como lasers mortais, plataformas móveis e soldados inimigos, e o jogador precisa evitar armadilhas enquanto coleta informações para inserir no computador central e abrir novas áreas da fortaleza. Essa mecânica de coleta de códigos, combinada com a liberdade de explorar a base na ordem que quiser, traz um elemento estratégico raro para os jogos da época.
Troca de Personagens e Diferenças de Gameplay
Inicialmente, o jogador controla JJ, mas ao longo do jogo é possível resgatar dois outros membros da equipe White Nuts: Apple e Champ. Cada personagem tem atributos diferentes, adicionando uma camada extra de estratégia:
- JJ é equilibrado, bom para combate e exploração.
- Apple é ágil, mas tem menos resistência a dano. Seu diferencial é se mover rapidamente pelas armadilhas e escapar de perigos com facilidade.
- Champ, por outro lado, é o “tanque” do grupo. Ele é mais lento, mas compensa com maior resistência a dano e capacidade de aguentar mais ataques.
Essa mecânica de troca de personagens não era comum nos jogos da época e adiciona variedade ao gameplay, exigindo que o jogador pense na melhor abordagem para cada situação.
Inimigos e Desafios
O jogo conta com uma boa diversidade de inimigos, incluindo guardas Noza, robôs sentinelas, torretas laser e outros sistemas de defesa que exigem atenção e reflexos rápidos. O combate é relativamente simples – os personagens podem atirar em oito direções –, mas a movimentação precisa e a estratégia para evitar os ataques são cruciais para sobreviver.
Além dos inimigos, as armadilhas do cenário são um verdadeiro teste de paciência e habilidade. Raios laser em padrões variados, pisos que desaparecem e minas espalhadas pelo chão fazem com que cada sala seja um pequeno quebra-cabeça.
Um Jogo Que Recompensa a Paciência e a Exploração
Diferente de muitos jogos da época, Zillion não se resume a correr e atirar. O jogador precisa explorar, memorizar padrões e administrar bem os recursos para avançar. Isso faz com que a experiência seja imersiva e desafiadora, exigindo paciência para entender o layout da base e descobrir os melhores caminhos.
Com sua jogabilidade diferenciada, mecânica de exploração e elementos estratégicos, Zillion conseguiu se destacar no catálogo do Master System e permanece até hoje como um dos títulos mais memoráveis do console. Mas será que sua jogabilidade envelheceu bem? Vamos explorar isso na próxima parte do review!

Jogabilidade, Gráficos e Som
Agora que já falamos sobre a premissa e a estrutura do jogo, é hora de colocar Zillion sob a lupa e analisar seus aspectos técnicos e de gameplay com um olhar mais criterioso. Será que essa aventura do Master System envelheceu bem ou ficou presa nos corredores da fortaleza Noza?
Jogabilidade – Estratégia, Ação e um Pouco de Frustração
O ponto alto de Zillion é, sem dúvidas, sua jogabilidade diferenciada para a época. Ao invés de seguir um caminho linear como a maioria dos jogos de ação do período, o jogo foca na exploração, na busca por códigos e no desbloqueio de novas áreas. Essa abordagem traz uma sensação de liberdade rara no Master System e exige que o jogador preste atenção ao design das salas, memorize armadilhas e administre recursos.
No entanto, essa mesma liberdade pode ser um obstáculo para jogadores que esperam uma progressão mais guiada. Não há um mapa integrado no jogo, o que significa que perder-se na fortaleza Noza é relativamente fácil – algo que pode se tornar frustrante, especialmente para iniciantes.
Os controles são responsivos, mas não perfeitos. O movimento dos personagens é um pouco delicado e escorregadio, tornando algumas seções de plataformas mais difíceis do que deveriam ser. O pulo em particular exige precisão, e algumas armadilhas parecem punir o jogador de forma injusta.
A troca de personagens é um dos pontos mais interessantes do jogo, oferecendo variedade na abordagem de exploração. Escolher entre JJ, Apple e Champ conforme o contexto é um detalhe estratégico que enriquece a experiência. No entanto, resgatar os companheiros pode ser um processo demorado, exigindo paciência para desbloquear o grupo completo.
Veredito da Jogabilidade: Apesar de alguns problemas nos controles e da falta de um mapa, a jogabilidade não linear e a mecânica de exploração fazem de Zillion uma experiência única no Master System.
Gráficos – Uma Fortaleza Cheia de Repetição
Para um jogo de 1987, Zillion possui gráficos competentes, mas não espetaculares. O design dos personagens segue de perto o estilo do anime, e JJ tem uma animação interessante ao correr e disparar. No entanto, o visual das salas da fortaleza Noza sofre com muita repetição.
Os cenários são compostos, em grande parte, por paredes azuladas, terminais de computador e portas automáticas. Apesar de alguns detalhes técnicos bem implementados, como os efeitos de luz nos raios laser e os alertas nos computadores, a sensação de déjà vu ao explorar a base é inevitável.
Os inimigos também sofrem com a falta de variedade visual, com muitas unidades idênticas espalhadas pela fortaleza. Não há chefes no jogo, o que acaba sendo um ponto negativo para quem esperava um desafio épico no final da missão.
Veredito dos Gráficos: Apesar de bem animado e estilizado, Zillion sofre com cenários repetitivos e falta de diversidade visual, o que pode tornar a exploração monótona para alguns jogadores.

Trilha Sonora e Efeitos Sonoros – Simples, Mas Eficaz
Se há um elemento de Zillion que permanece memorável até hoje, é sua trilha sonora. A música principal do jogo – que toca durante praticamente toda a aventura – é viciante, com um tom futurista e empolgante que combina perfeitamente com o tema da exploração espacial.
No entanto, o Master System não era exatamente um console conhecido pela riqueza sonora, e isso se reflete nos efeitos do jogo. Os sons dos tiros, explosões e alarmes são básicos e podem se tornar repetitivos ao longo do tempo. Além disso, a trilha sonora não muda muito ao longo do jogo, o que pode cansar os jogadores em sessões mais longas.
Veredito do Som: A música principal é icônica e empolgante, mas a repetição de efeitos sonoros e a falta de variedade nas trilhas acabam deixando a experiência auditiva um pouco desgastante.
Conclusão Parcial
Zillion traz uma jogabilidade inovadora para sua época, com exploração não linear e a possibilidade de trocar de personagens para uma abordagem estratégica. No entanto, sofre com controles um pouco instáveis e a ausência de um mapa, o que pode torná-lo frustrante para jogadores menos pacientes.
Visualmente, o jogo consegue capturar a essência do anime, mas falta variedade nos cenários e inimigos. Já a trilha sonora se destaca, mas sofre com a repetição.
Na próxima parte do review, vamos responder à pergunta definitiva: vale a pena jogar Zillion hoje em dia?

Zillion Ainda Vale a Pena? A Resposta Final
Depois de explorar a jogabilidade, gráficos e trilha sonora de Zillion, chegamos à pergunta final: o jogo ainda vale a pena ser jogado hoje? A resposta é sim, mas com algumas ressalvas.
Se analisarmos Zillion com o olhar de um jogador moderno, é fácil encontrar falhas: controles um pouco imprecisos, cenários repetitivos e a ausência de um mapa podem afastar aqueles que cresceram com jogos mais polidos e acessíveis. No entanto, é fundamental lembrar que Zillion foi lançado em 1987, em um cartucho de apenas 1 megabit de memória. Dentro dessa limitação, ele conseguiu entregar um jogo não linear, com mecânicas inovadoras de exploração e até um sistema de troca de personagens – algo que só viria a ser refinado em títulos de gerações seguintes.
A importância histórica de Zillion para o Master System e para os jogos de ação e exploração da época não pode ser ignorada. Sua influência pode ser vista em diversos títulos posteriores, e ele ainda proporciona diversão, desde que o jogador esteja disposto a encarar suas limitações. Se você gosta de desafios estratégicos e de desbravar corredores labirínticos cheios de armadilhas, Zillion ainda pode ser uma experiência recompensadora.
Se a ideia de exploração não te agrada e você prefere um jogo mais focado em ação direta, talvez você goste mais da continuação, Zillion 2: The Tri Formation, lançado em 1988. Diferente do primeiro, a sequência abandonou a exploração e adotou uma jogabilidade mais arcade, com fases lineares e combates frenéticos. Quem sabe não falamos dele em um futuro review?

E o Anime? Ainda Vale a Pena Assistir?
Se por um lado os games evoluíram muito desde 1987, o anime de Zillion continua excelente até hoje. Com animação fluida para a época, personagens carismáticos e uma história envolvente, a série ainda é uma ótima pedida para quem curte ficção científica e ação. Além disso, a trilha sonora do anime é memorável, com músicas que capturam perfeitamente a vibe futurista da trama. Se você ainda não assistiu, vale muito a pena conferir!
Conclusão Final
Zillion ainda é um jogo divertido e inovador dentro de seu contexto histórico, mas não pode ser comparado a títulos modernos. Se jogado com a mentalidade de sua época, ele continua sendo uma experiência única no Master System, oferecendo desafios estratégicos e uma jogabilidade diferenciada.
Seja você um fã de jogos retrô ou apenas curioso para conhecer um dos grandes clássicos do Master System, Zillion ainda merece ser jogado – e o anime, assistido!