O Misterioso Jogo do Master System – Dragon Crystal
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O Misterioso Jogo do Master System – Dragon Crystal

Como já relatado em crônicas passadas entre o final da década de 80 e início da década de 90 o Master System era o meu console. Foi no console da SEGA / Tectoy que eu iniciei minha jornada na era 8 Bits. Eu simplesmente adorava esse console, não tinha muitos jogos é verdade, mas as locadoras perto de casa faziam a minha alegria.

Ter vários jogos em casa era privilégio para poucos. Custava muito caro e as crianças antigamente ganhavam presentes apenas em datas especiais como aniversário, natal e dia das crianças.

“Eu sempre via nessas datas boas oportunidades de aumentar a minha coleção de jogos. Nesse ano não seria diferente.”

Com meu aniversário se aproximando comecei a montar uma pequena lista com alguns títulos que eu gostaria de ganhar. Mortal Kombat tinha acabado de sair para o Master System e era um forte candidato. Outro título que eu gostava muito era Asterix e esse certamente estaria na lista.

Mas foi em uma visita ao Hipermercado Carrefour que eu acabei descobrindo um título que eu até então não conhecia.

Enquanto minha mãe fazia compras eu costumava ficar passeando pelos corredores onde eram vendidos os eletrônicos. Bem no meio do departamento havia uma ilha onde alguns jogos de Master System, Mega Drive e Super Nintendo ficavam expostos para a venda.

Passando o olho pelos títulos do Master uma caixa azul me chamou a atenção, pois até então eu nunca sequer tinha ouvido falar naquele jogo.

Pedi ao vendedor que pegasse a caixa para eu poder ver o verso e ler o pequeno resumo da história e ver algumas pequenas capturas de tela que as caixas do Master sempre trazia no verso.

Capa Nacional – Dragon Crystal

Pedido esse que foi prontamente negado pelo vendedor. Ao perceber que eu estava sozinho e que obviamente eu não compraria o cartucho naquele momento simplesmente me ignorou.

Fui para casa pensando e imaginando do que se tratava aquele misterioso jogo e porque diabos eu nunca tinha sequer ouvido falar nele.

Sem acesso à internet na época (Sim crianças, existia vida inteligente antes da internet) as minhas únicas opções para esse tipo de informação eram bate-papos com os amigos, locadoras e as poucas revistas de videogames as quais eu tinha acesso na época.

E eu simplesmente nunca tinha visto nada a respeito de Dragon Crystal. Nem sequer uma menção.

Na semana seguinte minha avó foi me visitar em casa e me perguntou o que eu gostaria de ganhar de aniversário. Já sabendo da minha resposta e sem ter a menor ideia de como comprar um jogo de Videogame ela me pediu uma lista para procurar pelo centro de São Paulo.

Foi então que eu entreguei para ela uma pequena folha de caderno com os dois títulos escritos: Mortal Kombat e Asterix. Ela olhou a lista e me pediu uma terceira opção pois ficou com receio de não encontrar os outros dois.

Sem saber ao certo qual outro jogo adicionar na lista e pego assim de surpresa eu lembrei de Dragon Crystal. Tomado pela curiosidade não pensei duas vezes e incluí o misterioso título na lista, inclusive avisando a minha vó que ela poderia encontrar esse jogo no Carrefour ali perto da minha casa.

Com o passar dos dias minha ansiedade foi aumentando e eu era consumido pela expectativa de qual dos três jogos eu ganharia. Asterix e Mortal Kombat eu já conhecia bem, mas tinha um azarão aí no meio que eu nunca sequer tinha visto.

Finalmente o grande dia chegou. Era meu aniversário e minha avó chegou em casa com o meu presente.

Fui correndo abrir o embrulho e lá estava meu tão esperando presente. Dragon Crystal. Finalmente eu descobriria o que era aquele jogo.

Ao virar a caixa para ler a contracapa vi que o enredo era relativamente simples, sobre um menino que encontrou uma pequena loja de antiguidades e acabou sendo sugado para dentro de um cristal brilhante para um mundo desconhecido. O objetivo do jogo era voltar para casa e descobrir o porquê de um ovo de dragão te seguir por todo o caminho.

O enredo era ok, mas confesso que os screenshots me decepcionaram um pouco. Não parecia ser nem de longe o tipo de jogo que eu gostava.

Depois de analisar a caixa passei para a segunda etapa do meu “ritual”: Ler o manual. Tudo era muito simples, mas uma passagem chamou minha atenção: Para descobrir o que as diversas poções, pergaminhos, anéis e cajados faziam era necessário usá-los. A decisão de usar ou não um item vinha acompanhado de um risco. Interessante, mas confuso.

A última etapa e a mais importante seria começar a jogatina. Coloquei o cartucho no console e comecei a me aventurar pelo mundo desconhecido de Dragon Crystal.

Minha primeira impressão foi terrível.

Achei o jogo feio, confuso e extremamente difícil. Não entendia direito o que acontecia na tela. Era muita informação na tela e a maioria dos itens que eu usava ao invés de me ajudar acabava me prejudicando ou não tinha efeito nenhum.

Depois de pouco mais de 20 minutos jogando e extremamente frustrado acabei desligando o console. Eu estava chateado, afinal de contas perdi uma oportunidade rara de conseguir um jogo que eu gostava porque resolvi colocar Dragon Crystal na lista por impulso.

Naquele mesmo dia mais a noite resolvi dar outra oportunidade para o jogo, afinal de contas era o que eu tinha e outra oportunidade para conseguir um título novo demoraria pelo menos mais seis meses.

Sentei novamente em frente a tela da TV e o ligar o console percebi que a primeira fase de Dragon Crystal tinha mudado. Não era a mesma que joguei na minha primeira experiência. Tudo estava mais fácil, encontrei itens que me ajudavam e alguns equipamentos bons como espadas e armaduras.

Captura de tela de jogo

Consegui finalmente algum progresso no jogo e comecei a olhar Dragon Crystal com outros olhos. De repente aquele jogo poderia me proporcionar alguma diversão. Joguei por bastante tempo naquela noite e comecei a entender melhor as mecânicas do jogo. Percebi também que a cada vez que eu iniciava uma nova campanha o jogo se modificava nos cenários, itens, inimigos e todo o resto.

Era praticamente uma nova experiência a cada partida.

Obviamente eu não entendia o conceito de Rogue Like, mas eu percebi que aquele era um jogo praticamente infinito porque a cada nova partida eu poderia experimentar o jogo de uma maneira diferente.

Essa variedade de desafios, a vontade de ver o final do jogo e a curiosidade de descobrir o que acontecia quando o ovo de dragão finalmente chocasse acabou me fazendo passar horas jogando. Comecei a ficar cada vez melhor e avançar cada vez mais nos labirintos.

Eu tinha um caderno onde anotava o que cada um dos diversos itens do jogo fazia para consultas futuras. Anotar esses efeitos dos itens era quase tão divertido quanto jogar.

Em resumo Dragon Crystal passou de uma total decepção para uma grata surpresa. É um jogo bastante desafiador, mas que eu costumo jogar até hoje para passar o tempo e me divertir sem compromisso por algumas horas.

Postado por Guilherme Ferrari

Aqui é o Guilherme, GZ, hoster do podcast!

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