Não é possível falar sobre a cena dos Videogames nos anos 90 sem falar em Street Fighter 2. Era realmente uma febre. Em praticamente todos os bares, padarias e casas especializadas em Arcades tinha uma máquina de Street Fighter 2. Tudo naquela máquina era especial: As vozes, a quantidade enorme de botões (6 no total), a quantidade absurda de personagens para escolher e as cores chamativas do jogo.
Na escola a criançada não falava de outra coisa.
O assunto principal eram as sequências necessárias para executar as magias e vez ou outra debatíamos qual o nome correto dos golpes o quais eram os finais de cada personagem. Obviamente saiam os absurdos já conhecidos como Tiger Robocop, Ataque das Corujas, Anuken e etc. Sem contar aquele amiguinho que gostava de contar vantagem e inventava golpes, personagens secretos e finais que não existiam. Acho que isso fez parte de todos os jogadores que vivenciaram essa época.
Na rua de casa mesmo tinha um bar com uma máquina dessas.
Nas primeiras vezes em que joguei não consegui ir muito longe, mas eu tinha um amigo que conseguia chegar até o final. Para não perder a ficha logo na primeira luta eu sempre chamava ele para jogar comigo, eu jogava o primeiro Round, e normalmente perdia, e ele vencia os próximos para irmos avançando.
E assim em dupla eu consegui terminar o jogo pela primeira vez jogando de Ken. Meu personagem favorito até hoje.
Jogando sozinho, o primeiro personagem com o qual eu consegui terminar Street Fighter 2 foi o E.Honda. A versão da ROM que eu jogava nesse Arcade tinha um Glitch que me permitida atacar o inimigo usando o Sumo Smash (Famoso Cuz Cuz) e logo em seguida usar o Hundred Hand Slap esmagando o botão de soco.
Dois golpes que não necessitavam de nenhuma habilidade para serem executados e fazia minha ficha durar muito mais. Eu não tinha habilidade necessária para jogar sozinho com o Ryu e o Ken. Eu não conseguia soltar um Hadouken de jeito nenhum e aquilo me frustrava muito.
Demorei um bom tempo para aprender a famosa 1/4 de lua para frente e soco.
Eu guardava cada moeda que achava em casa para poder jogar e sempre que podia também gastava o troco do pão. Certamente foi o Arcade que eu mais joguei. Todo mundo queria ter uma versão de Street Fighter em casa. Comigo não era diferente, mas tendo em casa um Master System esse sonho, até então, estava longe de ser alcançado.
Os 16 Bits já eram uma realidade, mas nenhum amigo próximo a mim tinha um Super Nintendo. Então me contentava com partidas esporádicas no Arcade do bar da minha rua. Literalmente um FLIPERAMA DE BOTECO.
Mas essa história estava prestes a mudar.
Certa vez no colégio aquele meu amigo que tinha o Phantom System (Crônica pode ser lida clicando aqui) me disse que tinha ganho o cartucho do Street Fighter 2. Na hora fiquei empolgado. Seria o Máximo poder jogar aquele jogo em casa, sem gastar fortunas comprando fichas.
Naquele mesmo dia após a aula fui para casa dele e pude jogar um pouco. Era um cartucho pirata, já que o jogo não havia sido lançado, até então oficialmente para nenhum console de 8-Bits, mas na época eu não fazia ideia disso. As limitações e diferenças entre essa versão e o Arcade eram muitas, mas naquela época não fazia diferença.
Eu me diverti muito com esse jogo na casa do meu amigo. Era possível escolher apenas 4 lutadores: Ryu, Guile, Chun Li e Zanguief. O Bison era o chefe final, mas não era jogável. Por não ser um produto licenciado não teve divulgação e quase não era conhecido pelas outras crianças, então esse era o Santo Graal dos jogos de NES naquela época.
Alguns anos depois eu tive uma cópia desse cartucho que veio no pacote quando ganhei o meu Turbo Game da CCE.
Na Label traseira tinha uma sequência toda escrita em inglês para fazer um Cheat de invencibilidade. Pena que eu descobri isso muitos anos mais tarde por não ter domínio do idioma. Algum tempo depois com a popularização das locadoras e a possibilidade de jogar consoles da nova geração (Mega Drive e Super Nintendo) alugando por hora, tive contato com as versões para o Super Nintendo.
Quase todas as TVs disponíveis na locadora nessa época estavam rodando Street Fighter no Super Nintendo.
As partidas contra eram épicas. Foi nesse ambiente que eu pude melhorar minhas habilidades com o jogo. Impressionante como um jogo lançado a mais de 25 anos ainda se mantém relevante e atual. Tendo recebido diversos ports, versões e edições de colecionadores Street Fighter 2 ainda é figurinha carimbada na minha lista de jogos recentes.
A última, e para mim até então a versão definitiva foi a lançada para o Nintendo Switch com o lançamento do console e é chamada: Ultra Street Fighter II – The Final Challengers.
Por quanto tempo mais Street Fighter 2 vai continuar se mantendo relevante? Não tenho resposta para essa pergunta, mas enquanto houver a possibilidade de revisitar esse clássico e enquanto dois amigos estiverem em busca de emoção, rivalidade e diversão, uma partida Versus de Street Fighter 2 estará disponível para saciar nossa sede de combate.