Kid Dracula é um jogo de plataforma lançado exclusivamente no Japão pela Konami em 1990 com o nome de Akumajō Special: Boku Dracula-kun.
O jogo é uma espécie de paródia inspirada na série Castlevania da mesma produtora que já fazia bastante sucesso ao redor do mundo, inclusive no Brasil, mas o fato de o jogo ter saído apenas no Oriente dificultou um pouco o acesso ao jogo para o público brasileiro.
Alguns cartuchos piratas para o NES no formato americano (72 Pinos) chegaram ao Brasil com o nome de Castlevania Jr. para pegar carona na fama da franquia mais famosa e assim tentar alavancar as vendas em terras tupiniquins.
O jogo
Meu primeiro contato com o jogo foi através de um cartucho desses em uma locadora aqui de São Paulo, e o marketing funcionou. Em um primeiro momento a única coisa que atraiu minha atenção para esse cartucho bizarro foi o nome Castlevania.
Em Kid Dracula controlamos a figura maior do universo de vampiros, o terrível Conde Dracula. Só que aqui no nosso caso de terrível não tem absolutamente nada. Muito pelo contrário é até bem simpático, afinal de contas quem é capaz de resistir a figura de um Conde Drácula estilizado e vestindo calças com suspensórios.
O jogo praticamente não tem enredo. Kid Dracula desperta depois de um grande período em sono profundo e é desafiado para um combate enfrentando uma criatura maléfica chamada Garamoth.
Entretanto o Plot raso de Kid Dracula é apenas um pretexto para te colocar no controle do nosso querido Dracula cabeçudo e justificar algumas boas horas de diversão. E no caso de um jogo nesses moldes um bom enredo não é algo que tenha um grande impacto na sua experiência ou diversão.
Vale mencionar aqui que uma versão também saiu para o Gameboy, mas não fez muito sucesso por aqui.
Jogabilidade
Sem dúvida nenhuma a jogabilidade é o grande trunfo de Kid Dracula. Temos tudo o que se espera de um bom jogo de plataforma. Nosso personagem salta, atira, recebe Power Ups coleta itens pelo cenário e enfrenta chefes ao final de cada fase.
Todos os ingredientes estão presentes e se complementam de forma magistral tornando a jogatina muito agradável.
Durante as fases temos pequenas variações de Game Play, como por exemplo a parte dos carrinhos, fase com água, a subida para o espaço e também as variações que cada Power Up proporciona ao jogador. Isso permite que Kid Dracula não seja um jogo repetitivo, apesar de longo.
Ao final de cada fase temos também alguns mini games de bônus, onde é possível gastar as moedas coletadas pelo cenário e ganhar algumas vidas adicionais. Ao todo são 4 pequenos jogos (Roleta, Pula Pirata, Can Can e Bingo). O que define qual é o mini game que o jogador vai experimentar é um pequeno labirinto automático antes do bônus onde escolhemos um caminho e o personagem se movimenta sozinho até o final revelando assim qual o mini game que deverá ser jogado.
A curva de aprendizado do jogo é suave e a dificuldade só fica evidente mesmo nos níveis finais, mas ainda assim o jogo é bem acessível para todo tipo de jogador.
Gráficos
Os gráficos de Kid Dracula são relativamente simples. Principalmente no que diz respeito aos cenários e backgrounds de cada fase, mas nem por isso são feios.
A direção de arte é muito bonita e ver o design dos personagens em formato “Chibi” é muito agradável e divertido.
A HUD ou interface do jogo recebeu um carinho especial da Konami. Na parte inferior temos uma barra com as informações sobre o personagem, como vidas, Power Ups, energia etc. Como no Doom, temos o rosto do Kid, e, ele muda de expressão conforme sofremos interações no jogo. Experimente carregar o tiro e veja a alteração no rosto do personagem na barra de status. É bem divertido.
Considerando que estamos falando de um jogo de 1990, já perto do fim da vida do NES. A Konami poderia ter caprichado um pouco mais nas criações pelo cenário, mas ainda assim o jogo é bonito e entrega bem o que se espera.
Sons
Aqui temos um dos muitos acertos do jogo. As músicas são bem executadas e conseguem transmitir as emoções e a ambientação de Kid Dracula. Nada de músicas sombrias, afinal essa não é a proposta do jogo. As músicas são leves e bem alegres. Os efeitos sonoros têm um bom nível de qualidade. Nada de surpreendente, mas cumpre o que se espera para um jogo de plataforma.
Fase a Fase
Como de costume, fazemos o fase a fase, bora!
1. O Castelo
Após despertar do sono profundo, a primeira coisa a se fazer é percorrer o castelo em busca da saída. Inimigos como morcegos (Quem poderia imaginar não?), cavaleiros com armaduras medievais, zumbis entre outros vão tentar atrapalhar a sua jornada.
Sem dúvida nenhuma essa é a fase do jogo onde vemos mais referências à Castlevania. O interior do castelo, a sala com os mecanismos do relógio, a subida antes de enfrentar o chefe, enfim, tudo remete à série de maior expressão. Até mesmo a música lembra um pouco a música da primeira fase de Castlevania III, claro que muito mais animada e feliz.
Logo aqui na primeira fase já é possível conseguir um Heart Container que aumenta o número total de corações (Life) que iniciamos o jogo. Após alguns pequenos buracos superados facilmente com pulos precisos estamos prontos para enfrentar o primeiro chefe do jogo.
Aqui Kid Dracula enfrenta um pequeno e simpático fantasma com uma suástica na cabeça. E aqui vale um comentário: a suástica presente nesse fantasma é um símbolo religioso budista e não um símbolo nazista. Existem diferenças sutis entre ambos os símbolos, como a orientação e posição de cada representação.
Após alguns tiros no fantasminha camarada ele vai literalmente sair da tela chorando. Vitória? Ainda não meus amigos. Ele foi apenas buscar reforços. E lá vamos nós enfrentar a parte dois do chefe.
Os padrões de ataques são exatamente os mesmos e são facilmente evitados. Novamente após alguns tiros passamos para a próxima fase e ainda de quebra ganhamos nosso primeiro Power Up: o Seeker Shot, um tiro que quando carregado se divide em vários projéteis e ainda persegue os inimigos.
2. Parte Externa
Agora Kid Dracula deve cruzar Céu do lado externo do castelo e percorrer algo parecido com uma grande torre.
Os inimigos durante a fase se resumem a: Abutres, Bruxas, tartarugas voadoras (Sim isso não faz sentido, mas estamos em 1990, nada precisa fazer sentido).
Na segunda parte da fase precisamos atravessar um abismo utilizando carrinhos em trilhos que lembram bastante uma montanha russa. Com direito a Loop e tudo o mais.
A terceira e última parte da fase consiste em saltos precisos sobre nuvens que vão se movendo conforme são tocadas.
E lá vamos nós novamente enfrentar um chefe. O inimigo aqui é um frango. Isso mesmo um frango que atira em você utilizando frangos assados.
A estratégia aqui é se manter sempre em movimento e abusar dos tiros disparados diretamente para cima.
Ao derrotar nosso amigo galináceo avançamos para a próxima fase, mas não sem antes receber o nosso próximo Power Up chamado de Exploder, que nada mais é do que um tiro um pouco mais forte do que o convencional que causa uma pequena explosão a cada disparo.
3. Fundo do Lago
Na terceira parte da aventura começamos em algo que parece o fundo de um lago. Kid Dracula não tem a capacidade de nadar então seus movimentos submersos ficam um pouco mais lento.
O trecho é bem curto e os únicos obstáculos são pequenas bolas com espinhos que explodem e lançam projéteis quando atingidos.
Passamos por um pequeno trecho sobre a superfície com alguns espinhos e uma espécie de elevadores antigravidade que te arremessa para cima para facilitar o salto entre os espinhos.
Logo em seguida mergulhamos novamente no lago e agora temos alguns peixes, e também mais algumas bolas com espinhos para serem vencidas.
Um pouco mais a frente o desafio aumenta um pouco com alguns saltos em plataformas submersas com uma pequena chama atrapalhando e apressando cada salto.
Logo adiante nos deparamos com o chefe da terceira fase, que enfrentamos ainda submersos. Um pequeno polvo dentro de uma grande bolha. Não tem segredo. Basta desviar da imensa bolha e disparar em direção ao polvo. O tiro comum mesmo já dá conta do recado.
Chefe derrotado novo Power Up conquistado, e na minha opinião esse é o melhor de todos: Bat Form, ou seja, a habilidade de se transformar em um morcego e voar por um curto período.
4. Geleira
Ah, a clássica e temida fase de gelo tão presente nos jogos dessa geração…. Aqui começamos com Kid Dracula atravessando uma geleira. Os inimigos são todos temáticos, como por exemplo: Bonecos de neve, focas, atiradores de bola de gelo entre outros.
A física do jogo aqui munda um pouco por conta do fator deslizante. É bem difícil manter Kid Dracula seguro. Principalmente nas partes onde precisamos saltar sobre um mar de água gelada, utilizando blocos de gelo como plataformas.
Logo no começo da fase temos o segundo Heart Container que nos adiciona mais um coração ao medidor de energia, totalizando agora cinco unidades.
Logo a frente somos transportados para uma caverna subterrânea onde nos vemos obrigados a superar abismos gigantes utilizando algumas plataformas suspensas. A parte boa é que pelo menos aqui não escorregamos.
Em seguida somos obrigados a usar o Power UP Bat Form para atravessar galerias repletas de espinhos.
Já de volta a parte externa logo adiante somos levados ao encontro com o chefe. Um dragão chinês de gelo que fica sobrevoando o cenário. A dificuldade aqui é o piso que é escorregadio e algumas investidas do dragão que acaba quebrando alguns blocos de gelo criando buracos o que dificulta um pouco a movimentação.
Após alguns tiros o dragão é destruído e somos presenteados com mais um Power Up. O Freeze Shot, que como o nome já diz congela os inimigos e permite utilizá-los como plataformas.
5. Cidade
Após atravessar a geleira Kid Dracula é levado para um cenário mais urbano. O Alto de uma cidade a noite.
Acredite se quiser, mas os inimigos aqui variam desde macacos até discos voadores com Aliens.
Após percorrer a cobertura de diversos prédios e avançar pelo cenário somos obrigados a descer por um túnel que nos leva diretamente em cima de um metrô.
Instantemente a tela começa a se mover e o desafio aqui é ficar longe das vigas que vão tentar te acertar. Nessa parte específica do metrô também temos alguns inimigos que parecem punks e tentam te impedir de alcançar seu objetivo.
Logo a frente chegamos à uma escada e ao subir, somos confrontados pelo chefe da tela: Uma estátua da liberdade.
E aqui a batalha contra essa estátua é através de quis de perguntas e respostas sobre assuntos genéricos.
Quem atingir 3 respostas certas primeiros vence o desafio. As perguntas são sobre a estátua da liberdade real, mas são bem fáceis de serem respondidas. A dificuldade aqui é ter um jogo que esteja com as legendas traduzidas, pois em japonês fica muito complicado e temos que acertar tudo no chute.
Ao derrotar a estátua Kid Dracula recebe o último Power do jogo, o Up Anti-Gravity que permite ao nosso personagem andar pelo teto de cabeça para baixo.
6. Egito
No meio do deserto e com as pirâmides ao fundo. Essa é a próxima fase de Kid Dracula. Os inimigos continuam temáticos, como cactos, cobras de areia e até mesmo alguns esqueletos.
Ao avançar e entrar dentro da pirâmide os desafios são ultrapassar mecanismos cheios de espinhos que lembram uma prensa e que nos obriga a utilizar o Power Up Anti-Gravity.
Pouco mais a frente um enorme abismo com plataformas que despemcam nos obriga a andar um pouco mais rápido do que estamos acostumados.
Logo adiante somos perseguidos por uma imensa pedra redonda, que nos lembra muito a pedra rolante do filem Indiana Jones.
Seguindo pelo único caminho possível chegamos à parte mais desafiadora até agora. Atravessar uma câmara gigante com o teto de espinhos disparando em nossa cabeça.
A batalha com o chefe é novamente diferente. Aqui Kid Dracula enfrenta uma esfinge, mas estamos sob uma plataforma em movimento. Evitando assim que os movimentos por reflexo salvem o jogador já que não temos muito espaço de manobra para a movimentação do personagem.
Para derrotar a esfinge os tiros devem ser dirigidos para a cabeça do inimigo.
7. Espaço Sideral
A jornada de Kid Dracula está próxima do final. Agora precisamos nos dirigir para o espaço. Logo no início da fase tem um Heart Container, mas ele só é útil caso tenha perdido algum dos dois anteriores.
Ao iniciar a fase Kid Dracula entra em um elevador que pode leva-lo para o espaço, mas durante o trajeto você precisa subir saltando de plataforma para plataforma evitando alguns robôs inimigos.
Logo após a subida já temos que enfrentar o chefe da fase. O temido Rei Garamoth em pessoa. A batalha é longa e aqui não é muito fácil. O único ponto fraco de Garamoth é seu chifre, que fica protegido por sua espada.
A tática aqui é evitar os ataques com a forma de morcego e atacar com saltos sempre que possível sempre visando o chifre do inimigo.
Após uma longa batalha Garamoth finalmente é derrotado, mas para nossa surpresa ele jura que voltará e o jogo ainda não termina.
8. Navio Fantasma
A próxima fase tem início no céu e Kid Dracula deve saltar por entre nuvens até chegar ao navio fantasma. O Design da fase lembra bastante os navios voadores de Super Mario 3. Como inimigos temos canhões e algumas bruxas.
Algumas partes da fase ficam mais fácil se forem atravessadas com a forma de morcego. Principalmente nos momentos em que devemos atravessar de um navio para outro saltando pelas nuvens.
A parte final da fase é dentro do casco de um dos navios onde terríveis robôs farão de tudo para te impedir de avançar.
Após atravessar alguns corredores bem estreitos somos levados até o chefão. Um robô gigantesco que faz algumas investidas utilizando os braços.
O segredo aqui é utilizar o Power Up antigravitacional e ficar no teto atacando a cabeça do chefe.
A batalha aqui é bem rápida e não apresenta grandes dificuldades.
9. Fortaleza
Aqui já começamos logo de cara com uma batalha contra o chefe. Um Leão chinês com ataques de fogo. Nada muito complexo. Basta fugir das investidas desviando para a esquerda e direta e atacar com a arma normal. A batalha é curta e após a vitória a fase realmente começa.
Logo de cara muitos espinhos para atravessar e a habilidade Antigravitacional é fundamental.
Em seguida começa o desafio de verdade. A Fase começa a rolar de baixo para cima e é necessário muita habilidade e velocidade para fugir dos robôs inimigos. Caso a rolagem da fase consiga te alcançar uma vida é perdida.
O chefe da fase fica no topo e novamente é um robô, ou pelo menos, a cabeça de um. As investidas do chefe acontecem sempre de cima para baixo com uma broca em baixo da cabeça do inimigo. Basta desviar a tempo e atirar sem descanso na parte roxa da cabeça. Essa é uma das batalhas mais fáceis.
Ao derrotar o robô imediatamente somos levados a mais uma batalha com Garamoth, mas dessa vez ele parece ter evoluído sua forma inicial.
Garamoth é um grande dragão alado com ataques elétricos com as mãos e de fogo com a boca. Ele é praticamente invulnerável. O único momento em que pode receber algum tipo de dano é quando está com a boca aberta para te atacar.
O segredo aqui é se posicionar entre as mãos de Garamoth evitando os ataques elétricos e atacar a cabeça dele quando a boca estiver aberta. Sem esquecer de desviar do ataque de fogo.
A batalha é um pouco longa, mas não apresenta grandes desafios. Após a vitória é só curtir o final do game.
Considerações Finais
Vale muito a pena jogar Kid Dracula. Se você não conhece o jogo vai se encantar com a jogatina leve e descompromissada e vai se divertir muito com a direção de arte do jogo. Se você já conhece, vale a pena revisitar porque apesar de mais de quase 30 anos o jogo envelheceu muito bem e ainda hoje é bastante divertido. Mais um ótimo jogo da Konami, de uma época em que a produtora era sinônimo de qualidade e diversão.
#SaudadesKonami
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