Fala Botequeiros, tudo bem com vocês? Quer aprender a rodar melhor seu Super NES na TV nova? Quem nunca tentou religar aquele Super NES outrora amado mas hoje esquecido no armário e, como não tinha mais uma TV de tubo, ligou naquela TVzona linda 4k da sala e se arrependeu amargamente?
“- Poxa, mas na minha cabeça não era tão feio assim!” – nós pensamos…
Imagem borrada, falta de definição e talvez um lag (atraso na resposta) chatíssimo que compromete toda a experiência sem dúvida são os problemas mais recorrentes. Neste artigo, vou relatar minha jornada para jogar aquele Super NES na TV nova de uma forma agradável e acima de tudo não tão cara.
Os testes foram realizados em um Super NES, mas as conexões dos video-games daquela época são semelhantes, então, escolhendo a opção de cabos corretamente ou aplicando pequenos mods (modificações), por fim teremos bons resultados para outros consoles também.
Vamos relembrar as possibilidades de conexão do Super SNES:
- Cabo RF (radio frequency)– Aquele que você liga na antena e escolhe o canal 3 ou 4.
- Cabo RCA (vídeo composto) – O famoso trio amarelo (vídeo), branco e vermelho (som estéreo).
- S-Video (Separate video) – Um conector diferentão cheio de pinos dentro.
- SCART – Se você é europeu… ou utiliza um scaller.
- Vídeo Componente – Com a aplicação de um pequeno mod.
Vamos lá, então?
As TVs CRT, ou de tubo, trabalhavam com uma taxa de atualização diferente e uma resolução bem menor, geralmente chegando no máximo a 480i (nos casos comuns, claro que existem TVs com mais linhas, HD ready, etc, mas vamos falar da média presente nas casas brasileiras daquela época). Então, os jogos eram desenvolvidos de acordo com essas premissas, ou seja tudo parecia tão fluído nessas TVs.
A limitação era usada a favor do desenvolvedor, só para exemplificar: a baixa densidade de pontos era usada para esconder problemas e deixava o jogo mais bonito e o baixo número de linhas já dava o efeito natural de scanlines.
A resolução do SNES era de 256×224 (assim como foi comentado no episódio FDB #121 – 4ª Geração dos Games) na maioria dos títulos e 512×448 nos games ou fragmentos de games em Mode 5. Em conclusão, quanto maior a sua resolução na sua TV atual, mais vai exigir processamento para que essa imagem pequena preencha toda a tela. Aí vem o lag. Não há muito o que fazer para fugir disso, algumas TVs lidam bem com sinais de baixa resolução, outras não. Caso sua TV apresente lag perceptível nessas condições, pode ser usado algum equipamento externo para fazer o scalling da imagem.
A falta de definição e imagem borrada, dentro das devidas limitações do hardware, pode ter relação com o modo que essa imagem é passada para a TV, ou seja, cabos:
- Cabo RF – Talvez tenha uma imagem cheia de fantasmas e chuviscos. Qualidade: baixa.
- Cabo RCA – Você tem apenas um cabo de vídeo (amarelo) para passar todas as informações. Já é melhor que o RF, mas ainda pode apresentar borrões e interferências. Qualidade: média.
- Cabo S-Video – As coisas começam a melhorar aqui. Neste, o cabo é construído com mais fios e a proposta é passar luminosidade (preto e branco) separado dos padrões de cores. Qualidade: média-alta.
- Cabo Vídeo componente – entregam 3 cabos separados para vídeo, portanto, não é necessária compactação e o sinal é muito limpo e bonito. Qualidade: alta.
- Cabo SCART – era o padrão europeu antes do HDMI, utilizado inclusive para HDTV, ele possui vários fios e pode transmitir inclusive, se o equipamento permitir, sinal puro de RGB. Mas se eu não sou Europeu, por que mencionar esta conexão??? Por ela ser uma maneira fácil de extrair o sinal RGB de alguns consoles sem necessidade de modificações, ou seja, o console em sua forma original e, também, por ser muito compatível entre os scallers. Qualidade: muito alta.
Nos meus testes fiz o comparativo entre vídeo composto, S-Video e SCART, utilizando 2 scallers diferentes. Testei em 3 TVs: 1 LG HD Ready (720p LCD), 1 Hbuster Full HD (1080p LCD) e uma Samsung New Plasma 52″ (1080p).
Resultados:
1. Testes com cabo video composto (RCA):
Notei um pouco de lag (atraso) na new Plasma, mas bem sutil mesmo, já vi casos piores. Consegui contornar o lag usando um AV2HDMI desses baratinhos, mas a imagem ficou pior que ligando direto na TV. Nas outras TVs, ficou bem legal na questão de lag mas a imagem era muito borrada e com cores feias (mesmo assim melhor que utilizando av2hdmi). Não recomendo este aparelho, a não ser que a ligação direta na TV apresente muito lag.
2. Testes com S-Video:
Notei bastante melhora na definição de cores (ver degradê do tijolo da lareira) e imagem (observar bordas dos sprites e textura do objeto azul ao fundo da lareira). Inclusive, acho esta a melhor opção para se jogar sem gastar muito nas adaptações. Apenas é necessário adquirir o cabo.
3. Usando o SCART:
Como não temos TVs com conector SCART no Brasil, para usar essa opção utilizaremos scallers. Eles são equipamentos que ajustam uma resolução de entrada a uma resolução de saída, geralmente maior. O scaller mais desejado entre os retrogamers é o Framemeister. Ele promete um lag muito baixo e, além de converter vários formatos para HDMI, possui efeitos de pós processamento como scanlines e pixel perfect.
Aí vai da sua taradisse por jogar video-games velhos, pois um equipamento desse, no mercado cinza brasileiro sai por no mínimo 2500 reais, na gringa aproximadamente 400 Dólares. Meu teste foi utilizando dois modelos muito comuns de scallers encontrados nesses sites de compra na China, como o Aliexpress, assim como o próprio cabo SCART.
4. Scaller chines barato 1 (US 15.00):
Notei cores mais vibrantes, em contrapartida achei a imagem mais suja, principalmente com textos e bordas. Ainda preferi a conexão com S-Video.
5. Scaller Chines barato 2 (US 25.00):
Achei bem honesto este scaller, a imagem nítida e com cores vibrantes. Um bom caminho para iniciantes. Utilizo este para ligar o SNES no monitor.
Uma observação importante sobre Scallers chineses e o upscalling nativo das tvs é que eles não entendem corretamente o 240p, que é uma variação em modo progressivo do 480i. Tudo é reconhecido como 480i portanto, coisas bizarras podem acontecer quando o scaller tenta deinterlaçar uma imagem não interlaçada: A imagem borra durante o scrolling lateral e também a “Drop Shadow” (ou sombra de 30 hertz) não é interpretada corretamente. Sabe quando o boneco pisca quando toma um hit? é esse efeito. Transparências sobrem um bocado também.
Mais uma coisa a se observar no caso de usar esses Scallers de baixa qualidade é a questão do lag. Veja as Imagens abaixo:
O tempo de resposta aumenta consideravelmente em comparação a um scaller melhorzinho como o DVDO. Isso pode atrapalhar um bocado a jogatina.
Mod de video componente:
Este eu não fiz no meu SNES, no entanto joguei na casa de um amigo que fez e ficou ótimo. Uma opção de imagem bem nítida. Mas vale ressaltar que apesar do sinal todo separado bonitinho, quem faz o scalling continua sendo a TV, em outras palavras, a questão do LAG sempre pode aparecer de acordo com a TV escolhida.
EXTRAS:
Para dar aquela textura bonitinha e nostálgica de TV de tubo, pode-se utilizar um gerador de scan-lines, que também pode ser adquirido nos sites chineses ou no e-bay. Os mais comuns e baratos funcionam via VGA, mas já vi uns em HDMI. Obs: qualquer coisa a mais ligada em sua cadeia de equipamentos vai impactar no seu lag, ou seja, quanto mais coisas e quanto pior o equipamento, pior vai ser o resultado.
Sugestão de cadeia 1:
SNES modificado para Video componente -> Adaptador video componente x VGA -> Gerador de Scanlines VGA -> TV
Sugestão de cadeia 2:
SNES SCART -> SCALLER -> Gerador de Scanlines HDMI -> TV
Disclaimer:
Espero ter dado uma noção para ajudar na escolha do seu primeiro setup para desempoeirar seu video-game antigo! Nas minhas considerações, eu já me daria por satisfeito usando o S-Video, porém, como Nerd que sou, quis explorar algumas possibilidades.
Aí vão minhas conclusões:
Se você tem uma TV CRT com um tubo bom, e entrada S-Video ou video componente, dê um beijo nela, pois ela é perfeita para este cenário. Uma modificação no SNES para vídeo-componente pode ser uma boa ideia se você tem uma assistência técnica de confiança por perto e não tenha pudores quanto a alterar a originalidade do seu SNES. E não é cara!
Na CRT vai ficar lindo, nas modernas fica ótimo, só confira a questão do lag de processamento no scalling da imagem. Utilizar o RGB via cabo SCART é uma forma muito elegante e não invasiva de obter o sinal limpo, pois o SNES já tem esse recurso nativo. O resultado vai depender da qualidade do scaller adquirido para processar a imagem. Se você tem um Framemeister, você nem precisaria ter lido este artigo não é mesmo? rs.. Como resultado, vimos que escolhi um scaller ruim e outro satisfatório. Fica a indicação, se você comprou um scaller diferente, por favor, compartilhe com a gente.
Se você só quer jogar, é S-Video na veia, meu brother!
Imagens comparativas
Seguem mais algumas imagens comparando vídeo composto e SCART:
- No SFA, perceba o contraste e como o preto é mais presente.
- No Donkey Kong os detalhes aparecem, veja a folha verde.
- No Zeldinha HD, destaco que não há vazamento de cores nas linhas brancas que contornam os corações e as cores são melhores balanceadas.
Espero que tenham gostado!
Até a próxima!
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