“Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada”. Mas e quando essa forma de poder é a imersão absoluta proporcionada pelo PlayStation VR2? Será que essa nova realidade virtual vale o preço do ingresso?

Especificações técnicas e preço no Brasil

Lançado oficialmente pela Sony em 22 de fevereiro de 2023, o PlayStation VR2 é a evolução natural do primeiro headset VR da empresa. Com um display OLED de 4K (2000 x 2040 pixels por olho), taxa de atualização de até 120Hz e campo de visão de aproximadamente 110 graus, o salto tecnológico é palpável.

O valor oficial da brincadeira no Brasil é salgado: R$ 4.499,00. Considerando que você ainda precisa de um PlayStation 5 (aproximadamente R$ 4.500,00), a conta não sai barata.

Biblioteca de jogos: De Beat Saber a Resident Evil 4

Hoje, a biblioteca do PS VR2 já ultrapassa mais de 100 títulos, variando entre jogos simples e viciantes, como o clássico Beat Saber, e produções AAA que arrancam suspiros (e gritos) como o remake de Resident Evil 4 e Horizon Call of the Mountain. Há jogos para todos os gostos, mas vale lembrar que essa biblioteca poderia ser maior se a Sony não tivesse decidido inexplicavelmente ignorar a retrocompatibilidade com jogos do PS VR original. Decisão difícil de entender para uma tecnologia que já possui uma audiência bem restrita.

Jogar GT7 no VR2 é uma das experiências mais legais, mesmo que sem o volante

Facilidade de instalação

Uma das grandes vantagens do PS VR2 em relação ao seu predecessor é a simplicidade no setup. Agora basta uma única conexão USB-C com o PlayStation 5, livrando o jogador do pesadelo que era lidar com múltiplos cabos e conexões da geração anterior. Isso significa menos tempo preparando e mais tempo jogando… ou pelo menos essa é a teoria.

Mesmo simplificada, há dias em que bate uma preguiça gigante de tirar o equipamento da caixa e ajustar tudo só para jogar por meia hora. Afinal, a vida real não tem “pause”.

Conforto (ou a falta dele) e náuseas virtuais

É preciso ser honesto: o conforto do PS VR2 não é exatamente digno de uma rede à beira-mar. Jogar por períodos maiores, especialmente jogos complexos como Horizon Call of the Mountain ou No Man’s Sky, gera desconforto, podendo até causar náuseas. Isso acontece comigo regularmente após cerca de uma hora de uso contínuo. Jogos mais simples, como Tetris Connected e Beat Saber, são menos problemáticos.

Outro ponto importante no Brasil é o calor tropical. Após alguns minutos de jogatina mais intensa, é inevitável começar a suar, resultando em lentes embaçadas e um incômodo extra que não acontece quando você está apenas sentado jogando no controle tradicional.

Uma experiência impossível de compartilhar

Algo peculiar sobre VR é que não há vídeo ou texto capaz de descrever exatamente o que é vivenciar essa experiência. Você pode ler dezenas de análises ou assistir a incontáveis vídeos no YouTube, mas a sensação real só vem experimentando pessoalmente.

Imaginem se a Sony colocasse quiosques espalhados pelos principais shoppings e lojas do Brasil permitindo ao público experimentar o PS VR2. Certamente isso ajudaria bastante na adesão dessa tecnologia fantástica, pois só mesmo provando para entender.

Horizon Call of The Moutain é uma das experiências mais impressionantes

Conclusão: Vale o preço do ingresso?

A tecnologia do PlayStation VR2 é absurdamente incrível e muda completamente a forma como nos divertimos com videogames. No entanto, para a realidade brasileira, trata-se de um artigo de luxo extremamente caro, quase o preço de um segundo PlayStation 5. Recomendá-lo ou não é complicado, pois depende muito do tipo de jogador que você é.

Se você pensa em jogar todos os dias ou por muitas horas seguidas, talvez o investimento não valha tanto a pena. Ele é uma adição divertida e impressionante, ótima para sessões pontuais, mas não substitui a forma convencional de jogar videogame.

No fim, como diria Gessinger, é “uma questão de ponto de vista”. O PlayStation VR2 é uma experiência fantástica, mas será que você está disposto a pagar esse preço por algo que não será seu principal meio de diversão? “Será que é tudo isso em vão?” A resposta, como sempre, depende apenas de você.