Pouco tempo depois de experimentar o Mega Drive pela primeira vez eu já estava alucinado e querendo mais informações sobre a nova geração de consoles que estavam para chegar ao Brasil. Após os lançamentos nos Estados Unidos e Japão, os consoles demoravam anos para chegar oficialmente no Brasil. A grande maioria deles chegavam por contrabando vindo Paraguai. Entretanto eu costumava comprar algumas revistas de Videogames para ficar por dentro das novas tecnologias e ver o que o pessoal estava dizendo sobre os jogos em produção.
Certa vez eu estava visitando uma tia que morava perto de nossa casa e um dos sobrinhos dela estava jogando Videogame na sala. Imediatamente minha atenção se voltou para o garoto que jogava despreocupado no canto da sala. Me aproximei e achei estranho que a imagem estava sendo exibida em preto e branco. Ao questionar o porquê da imagem sem cor o garoto me disse que o Videogame era importado e por isso precisava fazer a conversão para funcionar corretamente nas TVs do Brasil.
Em um primeiro momento fiquei confuso, achei que ele estava falando besteira e o Videogame devia estar com defeito mesmo. Somente anos depois descobri que aquilo fazia sentido.
Na tela da televisão eu via um palhaço correndo de um lado para o outro da tela tentando prender alguns ratos em máquinas que poderiam ser ratoeiras. Perguntei qual era o nome daquele console e ele me respondeu: “É um Super Famicom”.
Pensei comigo: então esse é o famoso sucessor do NES?!?!
Não sei ao certo se por conta da imagem sem cor na TV ou pelo que ele estava jogando (Krusty’s Super Fun House) achei aquilo horrível. Em alguns minutos ele me passou o controle para que eu tentasse jogar. Foi um desastre total! Eu não entendia o que tinha que fazer e toda aquela quantidade de botões no controle me confundia muito.
Não devo ter conseguido jogar nem 15 minutos e minha mãe já estava me chamando para ir em
Me despedi do garoto e também da minha tia e partimos para casa.bora. Eu estava de certa forma decepcionado com o que eu tinha visto, principalmente porque eu já tinha experimentado o Mega Drive com o Sonic. Passei alguns meses remoendo aquela lembrança sem ainda acreditar que a Nintendo tinha errado a mão tanto assim em seu novo console.
Meu próximo contato com um Super Nintendo aconteceu muitos meses depois em uma viagem que fiz com a minha família para visitar meus bisavôs em uma pequena cidade no interior de SP chamada São Manuel. Eu adorava passar alguns dias lá por conta de meus primos que moravam na mesma rua. Eu passava o dia todo brincando pelo bairro e em um clube que fica praticamente de frente para a casa do meu bisavô.
Por conta das frequentes visitas à cidade de São Manuel logo comecei me enturmar com uma galera que morava ali pela rua.
Certo dia a “gangue” estava reunida na rua procurando o que fazer para passar o tempo, uma vez que estava chovendo muito. Não tinha como jogar bola, empinar pipa ou mesmo paquerar as menininhas da região (Sim também gostávamos muito dessa “brincadeira” também). Foi então que meio que sem querer acabei soltando a frase:
– Se ao menos eu tivesse trazido meu Videogame…
Foi então que um dos garotos se manifestou e disse:
– Eu tenho um Super Nintendo em casa. Vamos para lá e podemos jogar um pouco Super Mario World.
Aquela frase soou como música para meus ouvidos. Fiquei animado em um primeiro momento, mas logo em seguida me veio a lembrança do fatídico Krusty’s Super Fun House na TV em preto e branco. Mas como não tinha muito o que fazer os ‘Goonies’ partiram para a casa do nosso mais novo anfitrião.
Ao chegar na sala com aquela tropa de garotos vindo da rua a mãe do nosso amigo se assustou, mas logo correu para a cozinha preparar um suco e servir para a gente com algumas bolachas. Essa parte também era boa nas jogatinas. Console ligado, o dono do Videogame logo pegou o controle e começou a jogar. Com pouco mais de 15 minutos assistindo eu já estava completamente vidrado na mais nova aventura do meu encanador preferido.
Quanta diferença da minha primeira experiência. As cores eram vivas, o jogo era rápido e dinâmico. Uma continuação realmente à altura para o meu querido Super Mario 3. Confesso que logo comecei a torcer para o menino morrer logo. Afinal de contas eu queria, ou melhor, precisa jogar aquilo.
Não demorou muito e lá estava eu controlando Mario e Yoshi pela ilha dos dinossauros.
A experiência foi sensacional. Jogamos por algumas horas até que meu tio apareceu no portão me chamando para poder jantar. Jantar como assim? Eu nem tinha almoçado. Foi só quando sai no quintal para falar com meu tio que eu pude perceber que já havia escurecido. Estava tão divertido que ninguém ali percebeu as horas passando.
Sem muita alternativa acompanhei meu tio até a casa do meu bisavô. Coisa rápida, afinal ele morava não mais de 4 ou 5 casas de distância. Durante o caminho comentava com meu tio o quanto tinha sido divertido aquela jogatina e já fazia planos de como eu entraria definitivamente para a era dos 16 Bits.
Eu ainda tinha alguns dias de férias e ficaria em São Manuel por mais alguns dias. As brincadeiras continuavam as mesmas de sempre, mas sempre que sobrava um tempinho ou mais a noite antes de voltar para casa eu sempre sugeria umas partidinhas de Super Mario World.
Tendo o jogo salvo era rapidinho continuar a jogatina do ponto onde tínhamos parado. Infelizmente os dias passaram e chegou a hora de voltar para São Paulo. Não conseguimos terminar o jogo naquela vez, mas a semente estava plantada no meu coração. E o mais importante de tudo: Aquele gosto amargo que tinha ficado do meu primeiro contato tinha ido embora e eu pude realmente conhecer o potencial do novo console da Big N.