Se prepare para a "teoria" mais doida que vai ler esse ano.

Já ou viu falar o livro: “Um Esforço Filosófico no Sentido da Defesa da Existência das Bruxas e das Aparições” (A Philosophical Endeavour Towards the Defence of the Being of Witches and Apparitions), escrito por Joseph Glanvill em 1666? Não? Essa obra é um “marco importante no pensamento maluco e fruto de sua época”, representando um pensamento esdruxulo e uma tentativa de conciliar ciência e crença no sobrenatural. Toda essa loucura foi idealizada em um período de transição entre o pensamento medieval e a racionalidade moderna.

Joseph Glanvill foi um clérigo, filósofo e membro da Royal Society, uma das instituições científicas mais importantes da época. Ele era conhecido por suas contribuições ao debate sobre ciência e religião, além de ser um defensor da existência de bruxas, fantasmas e outros fenômenos sobrenaturais, nesse ponto que a droga pega forte.

Objetivo do Livro

Glanvill escreveu o livro como uma resposta às crescentes críticas e ceticismo sobre a existência de bruxas e aparições. No século XVII, com o avanço da ciência e do pensamento racional, muitas pessoas começaram a questionar as crenças tradicionais no sobrenatural. O autor via essa descrença como perigosa, pois acreditava que negar a existência de bruxas e espíritos era o mesmo que negar a realidade de forças espirituais e, por extensão, a autoridade divina.

Principais Argumentos

  • Glanvill tentou mostrar que era possível defender a crença no sobrenatural sem abandonar os princípios racionais. Ele acreditava que as bruxas e aparições eram manifestações reais, compatíveis com a visão cristã do mundo.
  • O autor recorreu a relatos de testemunhas oculares, documentos judiciais e histórias populares para apoiar suas alegações. Ele argumentava que essas evidências eram suficientes para provar a existência de bruxas e aparições.
  • Para Glanvill, o sobrenatural fazia parte da ordem divina do universo. Negar a existência de bruxas e espíritos significava abrir caminho para o materialismo e o ateísmo, ameaçando os fundamentos morais e religiosos da sociedade.
  • Ele criticou severamente os céticos e os filósofos naturalistas da época, que tentavam explicar todos os fenômenos por meio de causas naturais. Para Glanvill, o ceticismo era uma forma de arrogância intelectual que ignorava as evidências da experiência humana.

No livro de Joseph Glanvill há menções a “familiares” (espíritos auxiliares) como parte do folclore relacionado à bruxaria. Esses familiares eram considerados espíritos, muitas vezes demoníacos, que ajudavam as bruxas em suas práticas. A relação com os familiares presentes no jogo Castlevania: Symphony of the Night é interessante, pois ambos exploram o conceito de entidades que auxiliam um mestre, mas sob perspectivas distintas.

Transformações

Quase lá! Mais um item. No seu livro Glanvill, aborda a crença comum na Europa do século XVII de que as bruxas poderiam se transformar em animais. Essa ideia estava profundamente enraizada no folclore e na teologia popular da época, sendo usada como explicação para eventos misteriosos ou incomuns.  A obra discute a ideia de que as bruxas, por meio de pactos demoníacos (Dracula também é chamado de o coisa ruim – essa associação tem raízes na figura do vampiro como uma entidade sobrenatural que desafia as leis divinas, assim como em sua conexão com temas de maldição, blasfêmia e corrupção da alma) ou do uso de feitiçaria, poderiam alterar sua forma física para enganar ou perseguir suas vítimas. Essa habilidade era vista como um símbolo do poder maligno das bruxas e como prova de sua conexão com forças demoníacas.

A ideia de transformação também aparece no jogo, especialmente em relação ao protagonista Alucard, que pode se transformar em:

Imagem

  • Morcego: Uma forma que permite voo e representa o lado vampírico de Alucard.
  • Lobo: Uma forma terrestre que combina velocidade e força.
  • Névoa: Uma transformação que simboliza intangibilidade e mistério.

Essas transformações, embora não demoníacas, compartilham raízes simbólicas com a ideia de bruxas que alteram suas formas para superar desafios e manipular o mundo ao seu redor.

Familiares no Livro de Glanvill

Os familiares descritos por Glanvill vêm do imaginário europeu e são apresentados como:

  • Demônios Menores: Espíritos subservientes a forças maiores do mal, que realizam tarefas para as bruxas.
  • Formas Variadas: Esses familiares frequentemente assumiam formas de animais, como gatos, sapos ou corvos, e eram vistos como extensões do poder de seus mestres.
  • Servidão Sobrenatural: Glanvill os descreve como agentes que poderiam interagir com o mundo físico para ajudar ou prejudicar, dependendo dos objetivos do seu mestre.

Esses familiares eram elementos essenciais para reforçar a ideia de que as bruxas possuíam poderes extraordinários, mas dependiam de pactos e intermediários sobrenaturais.

Familiares em Castlevania: Symphony of the Night

Adivinhe qual familiar é o meu favorito em Castlevania SotN : r/castlevania

No jogo, os familiares são espíritos ou criaturas mágicas que ajudam Alucard em sua jornada. Eles possuem habilidades distintas e mecânicas de evolução, funcionando como companheiros úteis no combate e na exploração. Aqui estão os familiares do jogo e como eles podem ser relacionados às descrições de Glanvill:

  1. Fairy Familiar (Fada):
    • No jogo: A fada auxilia Alucard curando-o e usando itens. Ela é uma presença benevolente e de suporte.
    • Relação com Glanvill: Embora as fadas não sejam mencionadas diretamente no livro, a crença em espíritos elementais benevolentes era comum no folclore europeu, podendo ser vistas como familiares “bons” que contrastam com os demoníacos.
  2. Demon Familiar (Demônio):
    • No jogo: Um pequeno demônio alado que ataca inimigos e ativa interruptores mágicos.
    • Relação com Glanvill: Este é o tipo de familiar mais diretamente relacionado ao livro. Os demônios descritos por Glanvill servem bruxas de forma semelhante, realizando tarefas e interagindo com o mundo físico.
  3. Bat Familiar (Morcego):
    • No jogo: O morcego ataca inimigos e cresce em poder conforme evolui. Ele é especialmente útil para ataques aéreos.
    • Relação com Glanvill: O morcego é um animal frequentemente associado à bruxaria no folclore europeu, sendo visto como um disfarce para familiares demoníacos ou como mensageiros das bruxas.
  4. Ghost Familiar (Fantasma):
    • No jogo: Um espírito que ataca inimigos, drenando a vida deles para ajudar Alucard.
    • Relação com Glanvill: Espíritos ou aparições são um dos focos principais do livro, sendo descritos como manifestações do sobrenatural que podem interagir com os vivos. Esse familiar reflete bem a crença na capacidade dos espíritos de afetar o mundo material.
  5. Sword Familiar (Espada):
    • No jogo: Uma espada mágica que flutua ao lado de Alucard, atacando inimigos e, eventualmente, tornando-se utilizável como arma.
    • Relação com Glanvill: Embora Glanvill não mencione objetos animados diretamente, a ideia de ferramentas ou armas possuídas por espíritos malignos se alinha com o conceito de familiares que executam tarefas específicas para seus mestres.
  6. Devil Familiar (Diabrete do Inferno – Saturn Version):
    • No jogo: Disponível apenas na versão para Sega Saturn, este familiar é uma variação do demônio, com habilidades e ataques únicos.
    • Relação com Glanvill: Assim como o demônio padrão, ele reforça a conexão direta com os familiares demoníacos descritos no livro.