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Karateka: O primeiro contato com um computador

Karateka O primeiro contato com um computador

Em algum momento entre 1984 e 1986 em uma visita na casa do meu primo que me apresentou o jogo do Popey, sobre o qual já publiquei uma crônica aqui (Popeye – Atari 2600), ele me apresentou o seu novo PC. Meu primo é pouco mais de 10 anos mais velho do que eu então era muito mais ligado nas novas tecnologias.

Ter um computador em casa naquela época era privilégio para poucos e eu fiquei maravilhado com aquela tela monocromática de fósforo branco, ele tinha o famoso Apple 2, que exibia na tela um jogo onde um lutador de Karatê enfrentava outros lutadores e as vezes batia até em uma águia.

Aqueles movimentos, cenário… tudo parecia tão natural.

Aquilo que meus olhos viam sendo reproduzidos na tela monocromática, comparado com os jogos que eu estava acostumado a jogar no Atari, era anos luz mais evoluído.

Karateka: O primeiro contato com um computador
Karateka: O primeiro contato com um computador

O cenário, os sprites, a movimentação dos personagens e até mesmo os sons. Tudo saltava aos olhos. Guardada as devidas proporções era quase como assistir a uma animação.

O jogo era Karateka.

Me lembro de ter perguntado onde estavam os controles (era assim que eu chamava os joysticks). Então ele removeu uma capa plástica e me apresentou um teclado imenso. Fiquei imaginando como era possível jogar e ter controle das ações com todos aqueles botões para apertar. Aquilo na minha cabeça era uma máquina de escrever. Foi então que com um sorriso nos olhos ele me apresentou as teclas que eram usadas para andar e atacar.

Então na minha cabeça tudo ficou mais claro: Eu não precisaria utilizar todas as teclas e isso me deu uma sensação de alívio. Mas ao mesmo tempo eu me perguntava o que aconteceria se eu apertasse alguma tecla que não estava na lista que meu primo havia me passado?

Enquanto eu jogava tomava o maior cuidado para nem sequer esbarrar em outras teclas além daquelas listadas pelo meu primo. Mas em determinado momento a curiosidade falou mais alto. Eu não poderia deixar passar em branco e sem ele perceber, pelo menos eu achava isso, escorreguei meu dedo mindinho durante a jogatina e apertei uma das teclas.

Para o meu alívio nada aconteceu, então me convenci de que só deveria apertar as teclas que meu primo tinha me informado.

Uma das memórias que eu tenho deste dia é que a jogatina foi muito rápida. Não deve ter durado nem 10 minutos e meu primo disse que precisava desligar o computador. Na época fiquei bem chateado, mas hoje entendo, afinal de contas devia ser muito chato ficar ensinando e respondendo todas as perguntas de um priminho mais novo. Falei com ele se seria possível a gente jogar de novo dali a pouco. Ele disse que sim. Muito mais para encerrar o assunto e se livrar da minha importunação do que realmente com a intenção de voltar a me deixar jogar.

Tenho muito claro na mente que brincamos um pouco com alguma coisa que eu não me lembro, mas a minha cabeça não saia do tal jogo do lutador. Mesmo naquela época eu tinha noção de que ficar insistindo e pedindo para jogar a cada 5 minutos era muito chato, então não toquei mais no assunto. Eu brincava mas mantinha a esperança que ele cumpriria sua promessa e me deixaria jogar ao menos mais uma vez e, isso não aconteceu.

Fui para minha casa e não joguei mais naquele dia, mas a memória está viva na minha cabeça até hoje.

Depois da minha primeira experiência com um PC jogando Karateka os jogos de computadores viraram minha nova obsessão, mas para minha tristeza eu demoraria muitos anos para colocar as mãos em outro jogo de computador.

Eu havia ficado impressionado e achei sensacional jogar com um teclado.

Depois disso o joystick do bom e velho Atari me parecia simples demais. Para resolver isso, eu pegava uma tampa de caixa de sapato, fazia um recorte quadrado no meio da caixa para encaixar o controle do Atari e desenhava com canetinhas algumas teclas simulando um teclado.

Pronto! Eu tinha o meu próprio teclado para jogar Atari.

Eu achava aquilo sensacional, mesmo já tendo consciência de que os botões que eu tão caprichosamente desenhava jamais funcionariam. Fiz isso por diversas vezes e aquilo foi o mais próximo que eu cheguei de um teclado nos anos seguintes.

Só fui voltar a jogar em um computador novamente anos mais tardes quando a popularidade dos PCs já estava aumentando em terras tupiniquins. Mas o fato é que de alguma maneira aquela experiência me marcou muito e talvez até mesmo tenha influenciado na minha formação profissional e na minha carreira.

Sim, sou formado em faculdade de computador , hoje eu trabalho na área de TI.

E a reflexão que fica é: até onde experiências como essas que vivemos na infância reflete em nossas vidas adultas?

Por isso quando aquele seu priminho estiver na sua casa interessado na sua coleção de Videogames invista um tempo com ele, assim como meu primo fez comigo. Talvez você esteja influenciando e criando um novo e talentoso jogador que vai nos ajudar a manter o cenário de Videogames vivo até hoje.

Postado por Guilherme Ferrari

Aqui é o Guilherme, GZ, hoster do podcast!

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