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Análise – Conheça Psychic World – Uma pérola escondida nos 8-bits

Análise - Conheça Psychic World - Uma pérola escondida nos 8-bits

Olá fliperameiras e fliperameiros! É incrível como alguns jogos nos marcam não é mesmo? Já deixo um aviso que dificilmente vou conseguir fazer essa análise de forma imparcial, pois não consigo tirar os óculos da nostalgia. Antes de introduzir esse jogo, vou contar uma breve história. Talvez eu esteja inspirado pelas crônicas que o ilustre colega Rodrigo Reche escreve por aqui.

Muitos anos atrás, antes de eu ter sequer meu Master System (que pra falar a verdade, só ganhei quando o Mega Drive já estava fazendo seu sucesso), eu certa vez estava em algum evento na chácara (ou seria na casa de praia?) da família de um primo mais abastado. Quase todo mundo ou tem um primo rico, ou é o primo rico de alguém 😀

Pois bem, esse primo tinha também um primo, ambos mais velhos do que eu, e o primo do primo tinha algo sensacional… um Game Gear!

Console Portátil Game Gear - Conheça Psychic World - Uma pérola escondida nos 8-bits
Game Gear Evan-Amos [Public domain], from Wikimedia Commons

Bora lá

Como você deve imaginar, aos olhos de um pequeno videogameiro apaixonado como eu era (e ainda sou) aquilo era uma maravilha tecnológica sem precedentes. Tive a oportunidade de botar as mãos naquele então desconhecido portátil. Lembro de apenas dois jogos, G-LOC, um jogo de avião que lembra um pouco After Burner, e um segundo jogo, que me chamou mais a atenção. Era um jogo de plataforma e ação. Não sei o que foi, se era o gráfico, a jogabilidade fluída com seus power ups que melhoravam ao longo do jogo ou se foi a música, ou ainda melhor, o conjunto da obra, mas aquele jogo ficou gravado na minha cabeça como se houvesse sido marcado a ferro, exceto por uma coisa, o nome do maldito jogo…

Depois dessa ocasião nunca mais vi ele, Game Gears eram coisas raras, acho que ainda são. O tempo passou, e eu sofri calado…, a internet e os emuladores vieram e certo dia quando eu estava a toa, não lembro por quê, aquele jogo voltou à minha memória e pensei: Será que consigo encontrá-lo? Não sei dizer como procurei, a lista de jogos do GG não é tão extensa, mas também não é assim tão curta. Depois de uma bela pesquisa, eis que encontrei o danado, Psychic World, o mesmo jogo que citei no Fliperama de Boteco# 163- Jóias Escondidas dos Games.

 

Análise - Conheça Psychic World - Uma pérola escondida nos 8-bits
Game Gear – Tela de abertura

 

Comecei a jogá-lo novamente. Que sensação incrível! Era aquela sensação de conforto de quando você revê um filme que gosta muito, aquela sensação forte de nostalgia que parece de levar de volta para uma época mais simples e tranquila… Bem, agora que você já sabe o apego que tenho a esse jogo, vamos à análise!

Análise

Psychic World, originalmente lançado no Japão como Psycho World, com a letra O, para o MSX 2 em 1988, foi também lançado mais tarde em 1991 para o Master System e Game Gear. No MSX ele foi lançado apenas em disquete. É um jogo de ação e plataforma focado no uso de diversos power ups que você coleta ao longo do jogo.

História

Lucia e Cecile, duas irmãs, trabalhavam junto com Dr. Knavik em um laboratório privado (ele devia ser milionário…). Um dia Cecile e o doutor estavam trabalhando até tarde, quando uma explosão no laboratório causou a fuga de monstros usados nos experimentos. Ao fugir os monstros levaram junto Cecile. O malandrinho do doutor largou para Lúcia após o ocorrido: “Eu devo ficar aqui caso eles retornem…”

Você joga com Lucia, que está equipada com um capacete que te dá poderes especiais, o ESP Booster, você deve ir atrás de sua irmã!

MSX – Cutscene de abertura

Jogabilidade

A jogabilidade é uma coisa fina nesse jogo, com excelentes controles para um jogo de plataforma. Os ataques são todos projéteis de curto alcance, muitos com propriedades elementais (gelo, fogo, sônico, etc…). Você começa apenas com um ataque simples e ao longo do jogo coleta items que dão novos poderes ou fazem upgrade dos power ups que você já tem. Existe também um ataque que dá dano em todos os inimigos da tela.

Os ataques normais você pode usar a vontade, mas outros power ups consomem a sua barra de energia ESP. O dano causado nos inimigos varia de acordo com os ataques. Então, vale a pena testar sempre qual é mais eficaz.

Game Gear – Ataque sônico

Para entrar no modo de seleção de poderes você só precisa apertar para baixo e junto o botão de pulo, mas só no Game Gear o jogo pausa para você selecionar!

Seleção de power ups no Game Gear
Game Gear – Seleção de power ups

Você também irá precisar usar seus ataques para progredir no jogo, como por exemplo derreter blocos de gelo ou congelar partes do cenário para fazer plataformas. Confira abaixo um vídeo do gameplay.

Além dos ataques você tem um power up de imunidade temporária, voo por um curto período de tempo e voltar ao início da fase (o que é bem pouco útil).

Os controles são um pouco mais refinados no MSX 2, onde você consegue fazer a personagem correr dando mais um toque na direção que ela está caminhando. Já nos ports da SEGA, ela começa a correr sozinha depois de alguns segundos de caminhada, o que pode atrapalhar um pouco o jogo.

As fases

Aqui é onde se nota a maior diferença entre as três versões do jogo. O MSX conta com oito estágios, passando por cavernas, selvas, ruínas, laboratórios, e por aí vai. O jogo tem tanto fazes de progressão lateral quanto vertical, e alguns estágios lembram um pouco os castelos de Alex Kid in Miracle World. Ao final de cada fase você enfrenta um chefe, que normalmente são monstros, como quimeras, dragões e plantas gigantes.

Game Gear – Chefe da segunda fase

As versões do Master e Game Gear tem um level design diferente e bem menos estágios, sendo que o GG conta com apenas quatro estágios, alguns sendo mesclas de diferentes estágios do MSX. A minha favorita é a caverna de gelo, que para mim tem o visual mais bonito.

Dificuldade

Esse jogo tem uma dificuldade bem balanceada. O jogo não tem vidas e nem continues. Você sempre começa do inicio da fase em que morreu, mas com menos vida. No Game Gear o desafio é consideravelmente menor, já que é a única versão onde o jogo pausa para você selecionar power ups. O segredo é usar e abusar do power up de invencibilidade. Esse power up infelizmente faz com que as boss battles sejam ridiculamente fáceis. Uma decepção aqui é a batalha com o último chefe. É mais uma animação que uma batalha, bastante anti-climático.

Gráficos

Os gráficos são bem diferentes de um console para o outro. Por incrível que pareça, para mim o que tem o gráfico mais bonito é o do Game Gear. Mesmo com menos da metade da resolução dos outros dois consoles (em número total de pixels), ele compensa com sprites e cenário mais detalhados e sua paleta cores com 4096 tons. Além disso, ele faz um uso melhor da tela, sem gastar tanto espaço para o HUD.

Em segundo lugar vem o MSX 2, com mais frames de animação e um campo de visão maior. Uma coisa que chama atenção é que a maioria dos projéteis nessa versão não são sprites. Como assim? Os ‘tiros’ são desenhados direto no background. É por isso que o movimento deles parece pouco fluído, já que precisam encaixar na grade de 8×8 pixels das telas de fundo.

Por último vem o nosso querido Master System, que infelizmente peca no quesito gráfico. Apesar da resolução maior que o Game Gear, as cores nesse jogo realmente não caíram bem.

Som

Apesar de não ser tão memorável quanto em Mário ou Alex Kid, a trilha sonora não deixa a desejar em melodia. Talvez um pouco no tamanhos dos loops, sendo que ela acaba se tornando repetitiva com o tempo. Uma coisa que não dá para negar é que ela encaixa bem no tema de ação do jogo.

O campeão nesse quesito é novamente o MSX 2, já que o jogo suporta MSX-MUSIC, um add-on de som que usava o chip Yamaha YM2413, o mesmo usado na FM Sound Unit, o famoso add-on de som do SEGA Mark III. Ouça a trilha do jogo para o MSX.

Nos ports da SEGA a música é uma das poucas coisas que o SMS e o GG têm em comum. São versões simplificadas da trilha do MSX. Ouça aqui a trilha do jogo para o Master System.

Disclaimer

Muito bem fliperameiros e fliperameiras, esperam que tenham gostado de conhecer esse joguinho obscuro. Recomendo jogar as três versões para ver a diferença. Para uma jogatina rápida e um pouco mais relaxada, vá de Game Gear. Para uma aventura mais longa, MSX. O Master é mais para conhecer mesmo, ou jogar em um hardware original usando everdrive, já que é o console mais acessível. Mesmo com a superioridade do MSX, a que mora no meu coração ainda é a do game gear! Deixem aí um comentário para dizer o que acharam do jogo ou se já tiveram a oportunidade de jogá-lo.

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